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Um pátio por Jorge Luis Borges

Um pátio por Jorge Luis Borges

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Com a tarde
cansaram-se as duas ou três cores do pátio.
Esta noite, a lua, o círculo claro,
não domina o seu espaço.
Pátio, céu encanado.
O pátio é a descida
através do qual o céu se derrama sobre a casa.
Serena,
a eternidade espera-o na encruzilhada das estrelas.
Grato é viver na penumbra amiga
de um saguão, de uma ramada e de uma cisterna.

versão PML

*

Com a tarde
cansaram-se as duas ou três cores do pátio.
A grande franqueza da lua cheia
já não entusiasma o seu habitual firmamento.
Hoje que o céu está frisado,
dirá a crendice que morreu o anjinho.
Pátio, céu canalizado.
O pátio é a janela
por onde Deus olha as almas.
O pátio é o declive
por onde se derrama o céu na casa.
Serena
a eternidade espera na encruzilhada das estrelas.
Lindo é viver na amizade obscura
de um saguão, de uma aba de telhado e de uma cisterna.

tradução de Manuel Bandeira in Estrela da vida inteira [Poemas traduzidos], Editora Nova Fronteira, 25.ª edição, 1993, página 355

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