Pedro e Arantxa, turistas espanhóis, “bateram com o nariz da porta”
publicado in Jornal de Notícias de 28 de fevereiro, página 15
193. Alexandre Penetra receciona com a biqueira da bota e dispara um remate a meia altura, tenso e colocado sem defesa para Buntic
publicado in Jornal de Notícias de 9 de janeiro, página 3
192.… Chafes é um autor que se define por uma consistência e rigor incomuns na criação de famílias de objetos enigmáticos e misteriosos, sombras ou negativos de um mundo que encarcera e aprisiona o vazio, o silêncio absoluto: casulos, ninhos, insetos, couraças, máscaras ou peças de vestuário representam simultaneamente uma memória e uma pele que protegem e anunciam um corpo ausente.
publicado na apresentação da exposição de Rui Chafes no Museu de Serralves, agosto de 2022
191.
Um homem em tronco nu
com as calças a cair e as cuecas
à mostra foge do incêndio
com uma ovelha às costas
Por PML
Foto de Paulo Cunha do incêndio em Boa Vista, Leiria, julho de 2022
190. Madrepérola, que poderia ser uma feliz reinvenção de Capicua, tem um razoável sabor a desilusão
Publicado in Ípsilon de 29 de março de 2020, página 18
189. Em Roi Soleil (2017), perfomance na Galeria Graça Brandão em Lisboa, todos éramos transformados em cúmplices da morte de um homem que víamos em confronto com o abismo da sua vida
Publicado in Ípsilon de 13 de março de 2020, página 11
188. Aventureiro e rigoroso, por vezes quase geométrico e outras expondo uma suavidade desconcertante
Publicado in Ípsilon de 28 de fevereiro 2020, página 28
187. As violências de que somos herdeiros e que nem sempre são iluminadas; é esta a matéria vibrante em que Ágora mergulha
Publicado in Ípsilon de 28 de fevereiro 2020, página 27
186. Marques cria verdadeira empatia com os episódios intensamente locais mas comuns das pessoas do clube de futebol do Arcozelo
Publicado in Ípsilon de 21 de fevereiro 2020, página 28
185. Ao fim de mais de uma década, continua a usar a ironia, sem se enredar nela, com aquele humor benevolente, juvenil de quem gosta de finais felizes, por mais improváveis que pareçam
Publicado in Ípsilon de 21 de fevereiro 2020, página 22
184. O ogre Willem Dafoe (nunca o vimos tão cabotino) e o mais calculisticamente submisso Robert Pattison
Publicado in Ípsilon de 14 de fevereiro 2020, página 28
183. Os corpos e a natureza rimando, acompanhando-se mutuamente, nas fulgurâncias e nos ocasos, nos nascimentos e nas mortes, no fulgor e no apodrecimento
Publicado in Ípsilon de 14 de fevereiro 2020, página 26
182. A leveza lavadinha de modelitos a querer encarnar a profundidade ontologicamente turva de um par de film noir
Publicado in Ípsilon de 7 de fevereiro 2020, página 29
181. Madrepérola, que poderia ser uma feliz reinvenção de Capicua, tem um razoável sabor a desilusão
Publicado in Ípsilon de 31 de janeiro 2020, página 27
180. É assim o teatro de Frank Castorf: uma máquina de criar um caos, e de impedir o espectador de se deixar embalar, ou consolar, pela ficção
Publicado in Ípsilon de 24 de janeiro 2020, página 16
179. Está sempre em causa interpelar o espectador e fazê-lo mergulhar num universo onde as fronteiras entre ficção, realidade e sonho estão em permanente negociação
Publicado in Ípsilon de 24 de janeiro 2020, página 13
178. Um consumado artesão e implacável soberano no plateau. “I am a man of spectacle”, disse
Publicado in Ípsilon de 24 de janeiro 2020, página 5
177. Fátima Spinola procurou uma ligação à infância: construiu uma casinha com troços de couve, como a que os irmãos lhe construíram
Publicado in Ípsilon de 11 de dezembro 2019, página 24
176. A Trienal de Lisboa define-se em favor da Razão, e também do Belo, em direcção à Agricultura
Publicado in Ípsilon de 22 de dezembro 2019, página 26
175. Uma ideia de exposição sem cronologia, sem ordem, sem guião e tão a contracorrente dos tiques institucionais das exposições em museus
Publicado in Ípsilon de 29 de novembro 2019, página 14
174. Raras vezes uma articulação feliz com o lugar…
Publicado in Ípsilon de 15 de novembro 2019, página 31
173. As filhas do Sol: indigesto e previsível
Publicado in Ípsilon de 15 de novembro 2019, página 30
172. Os órfãos de Brooklyn: um filme tão notável como frustrante
Publicado in Ípsilon de 15 de novembro 2019, página 30
171. Herberto conduz o leitor a um mundo em que o presente só pode ser feito das sombras sábias do passado
Publicado in Ípsilon de 15 de novembro 2019, página 29
170. O filme nunca “agarra” verdadeiramente o espectador e seria esquecível não fossem os seus actores
Publicado in Ípsilon de 9 de agosto 2019, página 30
169. Chinatown Slalom quatro miúdos de Liverpool a criarem harmonias exuberantes, profusamente arranjadas, e cuja luminosidade rapidamente se cola ao ouvido
Publicado in Ípsilon de 9 de agosto 2019, página 27
168. Clichés sisudos e exangues, dados com a pompa do melodrama de “prestígio”
Publicado in Ípsilon de 1 de novembro 2019, página 43
167. O reconhecimento internacional de Rodrigo Amado se torna cada vez mais sólido e trepa, inclusivamente, até lugares bastante inesperados
Publicado in Ípsilon de 25 de outubro 2019, página 15
166. Hansen-Love continua a filmar o que acontece pelo meio do nada
Publicado in Ípsilon de 11 de outubro 2019, página 29
165. Em Manual do Bom Fascista Rui Zink não se posicionou da varanda mais alta a observar, lá em baixo, a parada dos horrores; muito ao contrário disso, mistura-se com a multidão, confunde-se com ela, reconhece o fascista que há em si
Publicado in Ípsilon de 18 de outubro 2019, página 20
164. Assoma agora como pregador procurando partilha e comunidade, quando antes era provocador derramando bílis e desprezo sobre a audiência
Publicado in Ípsilon de 11 de outubro 2019, página 15
163. A Herdade tem um elenco cheio de bons actores (ainda que alguns pareçam desperdiçados em personagens com pouco “corpo”)
Publicado in Ípsilon de 29 de setembro 2019, página 31
162. Na música Odete engendra um “espaço de ilusão”. Uma história própria e autora, uma teoria sensorial. Esse lugar, esse mundo fantasioso, é bem evidente em Amarração
Publicado in Ípsilon de 23 de agosto 2019, página 20
161. Uma das luminárias rock’n’roll dos nossos tempos encontra fonte para reinvenção na subtracção brutal das guitarras eléctricas, símbolo por excelência do rock
Publicado in Ípsilon de 9 de agosto 2019, página 27
160. Ponto de partida fascinante para discutir questões sobre a verdade e a arte, entregue a actrizes de primeira água
Publicado in Ípsilon de 13 de março 2020, página 29
159. A grafite não invade, nervosa, o papel, mas em delicados passos de dança desvela objectos, formas vegetais ou ósseas, por vezes à beira da evanescência: António Olaio
Publicado in Ípsilon de 9 de agosto 2019, página 26
158. Pop de alto quilate criada com prazer na invenção e apresentada como se tudo aquilo que acontece em cada uma das canções fosse criação simples e descontraída
Publicado in Ípsilon de 26 de julho 2019, página 30
157. João Maria Gusmão e Pedro Paiva encenam um teatro, o da experiência do tempo, da ilusão e dos sentidos das imagens
Publicado in Ípsilon de 26 de julho 2019, página 27
156. Gonçalo Pena: um desenho sobre o desenhar que, enquanto se faz, sacode ecos, fluidos, irritações, vibrações, ideias…
Publicado in Ípsilon de 26 de julho 2019, página 26
155. Não se pode acusar Coração Aberto de não ser um deleite para os olhos, tal é o requinte fluorescente colocado no trabalho visual
Publicado in Ípsilon de 12 de junho 2019, página 30
154. Toy Story 4 é uma variação tão inteligentemente urdida e tão repleta de invenções que o “mais do mesmo” se torna “outra coisa”
Publicado in Ípsilon de 28 de junho 2019, página 30
153. Lizzo enaltece o amor por si própria e o seu corpo fora dos padrões de beleza, a sua cor de pele e a sua sexualidade
Publicado in Ípsilon de 14 de junho 2019, página 31
152. Uma ideia de teatro que permite à artista um lugar de síntese de tudo quanto lhe interessa
Publicado in Ípsilon de 7 de junho 2019, página 30
151. The National, oitavo álbum: muito cérebro, pouco fogo
Publicado in Ípsilon de 7 de junho 2019, página 27
150. U.F.O.F é absolutamente precioso a nível melódico, esquivando-se espantosamente a todos os clichés em que poderia incorrer
Publicado in Ípsilon de 7 de junho 2019, página 26
149. Um filme perdido entre o registo de uma estranheza genuína e o salto para um olhar mais analítico: Sousa Martins
Publicado in Ípsilon de 9 de agosto de 2019, página 31
148. Gonçalo Pena serviu-se de uma panóplia extensa de estilos e linguagens e usa-os a gosto
Publicado in Ípsilon de 24 de maio de 2019, página 29
147. As ideias interessantes são abafadas por um realizador que quer ser o Michael Bay dos suplentes
Publicado in Ípsilon de 31 de maio de 2019, página 27
146. Uma criação extraordinária, dolorida e transfigurada de Joaquim Phoenix, que não é apenas perfomativa mas completamente habitada
Publicado in Ípsilon de 2 de outubro de 2019, página 25
145. Eucanaã Ferraz joga com os factos da ortografia (de Portugal e do Brasil), em clave ironicamente provocatória
Publicado in Ípsilon de 24 de maio de 2019, página 28
144. Esta poesia, de Paulo da Costa Domingos, é de exortação em tempo de mortos. É das que duvidam mais do que erguem sistemas
Publicado in Ípsilon de 10 de maio de 2019, página 29
143. Artificialismo sem chama (passional) nem vertigem (do jogo ou da manipulação mútua)
Publicado in Ípsilon de 10 de maio de 2019, página 21
142. Ruben Brandt, Coleccionador: a fuga à força gravitacional da realidade que só a animação permite
Publicado in Ípsilon de 3 de maio de 2019, página 31
141. Um talento impiedoso, um registo áspero e cru: Virginie Despentes
Publicado in Ípsilon de 3 de maio de 2019, página 27
140. Eu Vou, Tu Vais, Ele Vai chegou até nós silenciosamente e merece muito mais do que passar ao largo
Publicado in Ípsilon de 26 de abril de 2019, página 27
139. Huppert embarca alegremente neste carrocel de lugares-comuns do triller, dá-se de corpo e alma aos clichés da psicopata
Publicado in Ípsilon de 12 de abril de 2019, página 28
138. Gabriel evita os tiques do “realismo de televisão”, falso e pré-fabricado, que noutros casos se encontra em demasia
Publicado in Ípsilon de 22 de março de 2019, página 30
137. Uma espantosa alegria de viver pelo meio das tristezas do quotidiano de gente sem casa: The Kamagasaki Cauldron War
Publicado in Ípsilon de 29 de março de 2019, página 29
136. Maria dialoga com o cânone da música brasileira, mas sem reverência. Infiltra-se nele e apropria-se dele, questiona-o e diversifica-o
Publicado in Ípsilon de 12 de abril de 2019, página 21
135. A intensidade verte-se agora em música menos crua
Publicado in Ípsilon de 22 de março de 2019, página 30
134. Chandor não é capaz de dar ao filme qualquer tipo de embalo
Publicado in Ípsilon de 15 de março de 2019, página 30
133. Os Capitão Fausto que temos agora são artífices que conseguem cruzar com habilidade e à vontade a cuidada invenção musical com o prazer pelo impacto pop mais imediato
Publicado in Ípsilon de 15 de março de 2019, página 8
132. Kursk: razoavelemente impessoal
Publicado in Ípsilon de 29 de março de 2019, página 30
131. O Dick Cheney de Bale é um buraco negro impiedoso e inescapável, uma zona de mistério onde nada pode alguma vez ser conhecido
Publicado in Ípsilon de 15 de fevereiro de 2019, página 29
130. Alguém que devolve a vida ao que se habituou ao espartilho dos discursos especializados. Ou ao culturalismo mais frustrante
Publicado in Ípsilon de 22 de fevereiro de 2019, página 24
129. Rui Pires Cabral tem vindo a pôr em prática o princípio de casa a poesia com a colagem
Publicado in Ípsilon de 8 de fevereiro de 2019, página 29
128. A referência ao real é incontestável e, no entanto, elusiva
Publicado in Ípsilon de 22 de fevereiro de 2019, página 26
127. Na sua obra teatral o conforto encontrado nas pequenas acções quotidianas parece espelhar também o medo das curvas inesperadas
Publicado in Ípsilon de 22 de março de 2019, página 23
126. É a adopção de um cinema de “língua franca”, de “esperanto”, que reduz o interesse do cinema de Farhadi
Publicado in Ípsilon de 15 de fevereiro de 2019, página 29
125. Há nestes contos de Teolinda Gersão uma clara apetência por quotidianos comuns, repetidos, vastos mas sem surpresa
Publicado in Ípsilon de 15 de fevereiro de 2019, página 26
124. Purple verte um olhar terno (porque melancólico) e alertado sobre o passado, inquieto, mas não apocalíptico
Publicado in Ípsilon de 8 de fevereiro de 2019, página 26
123. A Favorita é bicho seco, gélido, que nem o calor das actrizes consegue tornar mais fácil de engolir
Publicado in Ípsilon de 8 de fevereiro de 2019, página 28
122. Um power trio e a sua música assombrada, obscura, turbulenta, aterradora, suja
Publicado in Ípsilon de 25 de janeiro de 2019, página 29
121. Romance escorreito, ganha uma dimensão mais poderosa com as descrições da Natureza selvagem, de uma beleza fantasmagórica
Publicado in Ípsilon de 15 de fevereiro de 2019, página 27
120. Um escritor com uma inquietante capacidade de ler o seu tempo
Publicado in Ípsilon de 18 de janeiro de 2019, página 29
119. A Jibóia a contrariar a sua natureza, preferindo um abraço fraterno ao sufoco mortal
Publicado in Ípsilon de 25 de janeiro de 2019, página 28
118. Em cada tema, aquilo que verdadeiramente sobressai é o modo como Sharon Van Etten perdeu a cerimónia e a vergonha
Publicado in Ípsilon de 18 de janeiro de 2019, página 30
117. Um filme sem qualquer sinal de personalidade
Publicado in Ípsilon de 18 de janeiro de 2019, página 28
116. Kidman é excelente no seu cansaço existencial, no conformismo quase sem esperança
Publicado in Ípsilon de 1 de fevereiro de 2019, página 30
115. Excelente história desbaratada num banal mistério televisivo
Publicado in Ípsilon de 18 de janeiro de 2019, página 28
114. Um “fresco” sobre a “predestinação” – mas, como é habitual em Shyamalan, resolvido com uma naiveté à beira da infantilidade
Publicado in Ípsilon de 18 de janeiro de 2019, página 27
113. O culpado: percurso de denção de um homem certo do que tem de fazer, mas apanhado nas armadilhas que as certezas lhe armaram
Publicado in Ípsilon de 18 de janeiro de 2019, página 26
112. Nada nos esclarece sobre o que hipoteticamente precede o que estamos a ver. O objecto terá aterrado ali, caído do espaço exterior
Publicado in Ípsilon de 11 de janeiro de 2019, página 31
111. Voz Luz: apesar de mais espalhafato do que substância, ainda assim alguma assombração
Publicado in Ípsilon de 11 de janeiro de 2019, página 25
110. Marine Vacth nunca permite ao espectador uma sensação de conforto, o seu olhar não é dócil nem domesticável, antes carregado de personalidade, resoluto, distanciado sempre
Publicado in Ípsilon de 11 de janeiro de 2019, página 22
109. O oxigénio do fósforo: sem a sua presença como conspirador e sonhador compulsivo, nunca esta malta se teria conhecido
Publicado in Ípsilon de 11 de janeiro de 2019, página 20
108. Kristin Hersh sempre atirou as situações traumáticas para o palco e fez delas a sua matéria-prima
Publicado in Ípsilon de 4 de janeiro de 2019, página 24
107. O Mistério de Silver Lake, para lá da malha referencial, é a enésima variação sobre a grande estranheza americana
Publicado in Ípsilon de 28 de dezembro de 2018, página 31
106. Gaye Su Akyol logrou não se tornar vítima da explosão internacional alcançada pelo anterior disco
Publicado in Ípsilon de 28 de dezembro de 2018, página 27
105. A escrita deste poeta é uma causa e uma consequência da inquirição do humano e do transcendente
Publicado in Ípsilon de 28 de dezembro de 2018, página 25
104. O último romance de Edouard Louis, Qui a tué mon père, é tentativa de síntese entre as origens familiares, a homofobia, a violência, e a expressão de um perdão, de uma reconciliação
Publicado in Ípsilon de 28 de dezembro de 2018, página 23
103. A vinculação a uma linguagem que admite o extraordinário e não tenta encontrar justificações plausíveis para aquilo que acontece de invulgar e fantasioso
Publicado in Ípsilon de 28 de dezembro de 2018, página 21
102. No discurso e na atitude perante a realidade Flak não mostra o mínimo de nostalgia, apesar de ter escavado na memória para recuperar muitas das suas recordações da juventude
Publicado in Ípsilon de 28 de dezembro de 2018, página 14
101. O culto e misógino Johnny, o niilista e sôfrego Johnny, o profeta Johnny, um espírito do tempo: Naked
Publicado in Ípsilon de 16 de novembro de 2018, página 6
100. Bohemian Rhapsody fica-se pela celebração hagiográfica e familiar de uma figura maior do que a vida
Publicado in Ípsilon de 2 de novembro de 2018, página 30
99. O modo hierático, quase mártir, como Tréfaut filma a queda de uma família
Publicado in Ípsilon de 2 de novembro de 2018, página 26
98. A cada momento conseguido de A Pereira Brava corresponde um momento indiferente, às vezes de pura retórica
Publicado in Ípsilon de 29 de março de 2019, página 28
97. Limbos urbanos, habitantes e os espaços a falarem por si mesmos
Publicado in Ípsilon de 19 de outubro de 2018, página 27
96. Um cineasta heteróclito, que tocou a ficção, cruzou a fundo o território documental, aproximou-se das “vanguardas” e do “experimentalismos”
Publicado in Ípsilon de 19 de outubro de 2018, página 25
95. Sete estranhos no El Royale: um filme que prometia tanto e cumpriu tão pouco
Publicado in Ípsilon de 19 de outubro de 2018, página 28
94. É libertador o modo como, para além do plano emocional, Swamp se expõe destapando o corpo velho, rugoso, dele fazendo um exuberante cartão-de-visita
Publicado in Ípsilon de 12 de outubro de 2018, página 14
93. Eis o segredo da legibilidade imediata da prosa de Rodrigues dos Santos: vemos e ouvimos a acção, por assim dizer, mas não reparamos no texto
Publicado in Ípsilon de 16 de novembro de 2018, página 30
92. Um lamento difuso por um tempo passado e irrecuperável
Publicado in Ípsilon de 12 de outubro de 2018, página 30
91. Anne Teresa de Keersmaeker fala da música de Bach como contendo, por vezes num só sopro, a expressão de toda a paleta emocional do ser humano
Publicado in Ípsilon de 12 de outubro de 2018, página 29
90. Uma desordem estruturada à qual corresponde uma visão cosmológica do universo
Publicado in Ípsilon de 12 de outubro de 2018, página 29
89. Vai e Vem não é um álbum de ruminação terapêutica, de sarar feridas conjugais ou de maldizer amores presentes ou idos; é mais um disco que caminha sobre o fantasma da perda, do medo, da insegurança
Publicado in Ípsilon de 5 de outubro de 2018, página 20
88. Uma espécie de um caos organizado que soa inteiramente novo
Publicado in Ípsilon de 28 de setembro de 2018, página 28
87. O caos emocional que é o ser humano continua a ser a matéria de eleição para Mitski
Publicado in Ípsilon de 24 de agosto de 2018, página 30
86. Sara Correia tem o condão de fazer crer que quando a ouvimos é sempre a primeira ou segunda vez que aborda um fado
Publicado in Ípsilon de 24 de agosto de 2018, página 26
85. A sua música é tão marcada por singulares formas contemporâneas como pelas canções ancestrais egípcias, sem que se consiga perceber o que é o quê. É uma realidade una
Publicado in Ípsilon de 24 de agosto de 2018, página 20
84. Alberto Pimenta, aqui fotografado em 1999, é um poeta que se ergue perante o seu mundo
Publicado in Ípsilon de 17 de agosto de 2018, página 30
83. Travel Light: arranjos perfeitos, orquestração coesíssima; fica-se, contudo, com a impressão de que já ouvimos isto noutros discos
Publicado in Ípsilon de 10 de agosto de 2018, página 30
82. O novo álbum respira uma jovialidade radiante
Publicado in Ípsilon de 10 de agosto de 2018, página 29
81. Rotina da mais rotineira, nem como filme “despretensioso” de Verão terá alguma utilidade: Pela Borda Fora
Publicado in Ípsilon de 10 de agosto de 2018, página 28
80. Leïla passa ao lado de algo que não conseguiu explorar
Publicado in Ípsilon de 3 de agosto de 2018, página 31
79. Com No shame Lily Allen parece ter voltado à frente de batalha e a mostrar-se carta saudavelmente fora do baralho
Publicado in Ípsilon de 3 de agosto de 2018, página 16
78. Não demos esta hora e meia por mal entregue, mas não nos parece que esta seja uma Gaivota para ficar
Publicado in Ípsilon de 27 de julho de 2018, página 31
77. O humor vem amparar a inabilidade para fazer um filme de acção competente, a acção vem amparar a falta de graça
Publicado in Ípsilon de 27 de julho de 2018, página 31
76. O impressionante em Isabelle Faust é que, apesar de se esperar que o trabalho seja perfeito, consegue surpreender
Publicado in Ípsilon de 27 de julho de 2018, página 29
75. As personagens de Annemarie Schwarzenbach são seres que só estão bem onde não estão
Publicado in Ípsilon de 27 de julho de 2018, página 28
74. Um gótico delicadamente expressivo: Olhos sem rosto
Publicado in Ípsilon de 20 de julho de 2018, página 28
73. A possibilidade do espaço ser de qualquer um constitui uma importante utopia política
Publicado in Ípsilon de 20 de julho de 2018, página 27
72. Um impressionante documento de um ponto no processo fulgurante que levou Coltrane rumo a uma liberdade em que as progressões de acordes se tornavam uma miragem e o espaço de um tema ganhava a dimensão de todas as possibilidades
Publicado in Ípsilon de 20 de julho de 2018, página 8
71. Um homem ambíguo, a viver entre a exaltação e a tristeza, a exuberância social ou a solidão mais profunda, a luz e a sombra
Publicado in Ípsilon de 22 de junho de 2018, página 10
70. Um misto dos heróis proletários que desapareceram do cinema europeu e de uma allure de cowboy
Publicado in Ípsilon de 22 de junho de 2018, página 36
69. Falta a Ocean’s Eight a leveza, a precisão, o virtuosismo, em suma, o swing dos originais
Publicado in Ípsilon de 22 de junho de 2018, página 36
68. Filipa César vê-se como o último elo de um gesto que é colectivo na sua essência: o cinema
Publicado in Ípsilon de 22 de junho de 2018, página 33
67. Hereditário: o sabor amargo de termos sido enganados pelo embrulho vistoso para algo que já vimos muitas vezes
Publicado in Ípsilon de 15 de junho de 2018, página 31
66. O que há de mais interessante em Tully é o corpo de Theron
Publicado in Ípsilon de 8 de junho de 2018, página 31
65. Há o ritmo e algum desconforto no riso que tudo provoca a quem lê
Publicado in Ípsilon de 1 de junho de 2018, página 36
64. O Godard deste filme tem a superficialidade de um cartoon
Publicado in Ípsilon de 25 de maio de 2018, página 30
63. As doenças e os consumos mudaram dramaticamente a voz de John Prine, mas ela nunca esteve tão bonita: está cheia de gravilha, controlada com toda a mestria no meio de várias contingências
Publicado in Ípsilon de 25 de maio de 2018, página 25
62. Na discografia de David Fonseca, aquilo que haverá de mais disruptivo é o constante reset que se propõe levar a cabo, recusando o conforto de permanecer agarrado a uma linguagem testada e validada
Publicado in Ípsilon de 25 de maio de 2018, página 22
61. Os objectos de Sara Bichão remetem para uma tensão formal e física: “Há uma ameaça latente em todas as obras, tanto quando as faço, como quando as exponho”, diz-nos
Publicado in Ípsilon de 25 de maio de 2018, página 16
60. Luz Obscura reflecte a busca de um equilíbrio delicado entre o registo para memória futura e o pudor de desvendar a intimidade de uma família
Publicado in Ípsilon de 11 de maio de 2018, página 28
59. Josh T. Pearson: o que quer que esta figura misteriosa e estranhíssima ande a tomar – esperemos que não pare
Publicado in Ípsilon de 20 de abril de 2018, página 31
58. Filho da Mãe é um músico na plena posse das suas faculdades, procurando novas sinuosidades
Publicado in Ípsilon de 18 de maio de 2018, página 29
57. Cosmo Sheldrake, felizmente, parece pouco interessado em perder tempo com a realidade
Publicado in Ípsilon de 20 de abril de 2018, página 30
56. Pistas falsas, becos sem saída e truques de prestidigitação fáceis até nada restar senão cinismo: A Rapariga no Nevoeiro
Publicado in Ípsilon de 20 de abril de 2018, página 28
55. O resultado do processo aqui usado por Pedro Vaz, embora reconhecível e identificável – uma montanha é uma montanha, um vale é um vale -, acaba por se dar a ver como uma ruína do conceito de pintura de paisagem.
Publicado in Ípsilon de 11 de maio de 2018, página 26
54. O mundo a imiscuir-se na fantasia: os cães da história, exilados para uma lixeira por um presidente populista, podem ser entendidos como metáforas dos refugiados, dos imigrantes, das minorias…
Publicado in Ípsilon de 20 de abril de 2018, página 26
53. Um mar de estereótipos sobre classes, sobre Paris, sobre “os americanos”… ninguém leva muito de Madame
Publicado in Ípsilon de 6 de abril de 2018, página 31
52. Um dos mais curiosos momentos da sua discografia pós-White Stripes. Mesmo nos momentos em que falha o alvo
Publicado in Ípsilon de 6 de abril de 2018, página 29
51. Música honesta e nervosa, que apesar das sugestões à flor da pele consegue baralhar as expectativas mais imediatas
Publicado in Ípsilon de 6 de abril de 2018, página 27
50. A violência das imagens é semelhante a um acto de violência gratuita. Frívola, derramada sem controlo, nem investimento inteligível
Publicado in Ípsilon de 6 de abril de 2018, página 27
49. O terceiro assassinato: filme falho de intensidade física que mais atrai nos outros filmes de Koreeda
Publicado in Ípsilon de 30 de março de 2018, página 30
48. Contos bastante instrutivos para quem insista em confundir verosimilhança e verdade
Publicado in Ípsilon de 23 de março de 2018, página 29
47. Haley segreda-nos ao ouvido as suas dúvidas e angústias
Publicado in Ípsilon de 23 de março de 2018, página 28
46. Margaret Atwood dá a Shakespeare o que é de Shakespeare e a Atwood o que é de Atwood
Publicado in Ípsilon de 23 de março de 2018, página 28
45. Não existe acção documental. O que há, fotografando adolescentes com a roupa das mães ou a comunidade de Rabo de Peixe, é um olhar que não julga, uma visão sobre o quotidiano que é ao mesmo tempo natural, estranha e poética
Publicado in Ípsilon de 23 de março de 2018, página 18
44. O Duo Ouro Negro cria portentoso fresco da música africana, partindo das raízes ancestrais até se transformar em jazz, rock, blues, psícadelismo, abraçando o mundo antes de regressar a casa
Publicado in Ípsilon de 23 de março de 2018, página 6
43. Foi como entrar num território de ficção, fotografando-o como se fosse real, para o tornar ficção outra vez
Publicado in Ípsilon de 16 de março de 2018, página 9
42. Será apropriado dizer que António Júlio Darte salvou coisas que ficaram fora do campo, consagrando-as no palco mudo da imagem fotográfica
Publicado in Ípsilon de 16 de março de 2018, página 8
41. Alexandre Andrade: neste outro tempo em que se suspendem as amarras e em que apenas a fantasia e a ficção importam
Publicado in Ípsilon de 16 de fevereiro de 2018, página 29
40. Os seus filmes lidam, profunda e delicadamente, com o círculo familiar, não entrando à patada pelas casas adentro, antes observando, respeitosamente, dinâmicas, gestos, afectos
Publicado in Ípsilon de 16 de fevereiro de 2018, página 18
39. É uma personagem que o obriga a estar despido de marcas de “trabalho de actor” – nem caracterização física nem contornos psicológicos fora do comum, uma interpretação feita de energia, a energia invisível da fusão com a personagem e da fusão da personagem no decór
Publicado in Ípsilon de 16 de fevereiro de 2018, página 6
38. PTA e o “filme de arte”, onde cada gesto é sublinhado e repisado, um filme-máquina, máquina de (alta) costura
Publicado in Ípsilon de 09 de fevereiro de 2018, página 28
37. Agnès vê desfocado, JR vê escuro, Godard rouba-lhes o filme.
Publicado in Ípsilon de 9 de fevereiro de 2018, página 2
36. Kenzaburo Oe fez deste romance uma espécie de mal disfarçado testamento literário
Publicado in Ípsilon de 9 de fevereiro de 2018, página 31
35. Timberlake falha na construção de uma profundidade musical
Publicado in Ípsilon de 9 de fevereiro de 2018, página 30
34. CupcakKe prova que não é fácil fazer dela uma caricatura
Publicado in Ípsilon de 9 de fevereiro de 2018, página 29
33. Há, em Visages Villages, uma profilaxia contra o esquecimento. Que é um gesto de devolução, coisa didáctica e amorosa, da energia de que Varda se alimentara em Mur Mur (1981)
Publicado in Ípsilon de 9 de fevereiro de 2018, página 18
32. Mulheres Excelentes: o título – adivinha-se – é irónico e o romance é simultaneamente alegre e triste. Mais alegre do que triste (ou alegre porque triste)
Publicado in Ípsilon de 2 de fevereiro de 2018, página 27
31. Ainda que carregando na tecla da paródia, dB constrói ambientes melancólicos, tocantes, enfim, genuinamente românticos
Publicado in Ípsilon de 26 de janeiro de 2018, página 27
30. Nação Valente: cada tema, ainda que nos soe como novidade, parece pertencer há muito a um lote de canções eleitas
Publicado in Ípsilon de 26 de janeiro de 2018, página 27
29. O filme está do lado certo: os jornalistas não são os “homens do presidente”, e essa afirmação é tudo o que tem para dizer, e o que há para dizer
Publicado in Ípsilon de 26 de janeiro de 2018, página 15
28. OPÇÃO. Sérgio Conceição vai povoar o centro do terreno
Publicado in Record de 23 de janeiro de 2018, página 7
27. Foi na instalação de um tubo de saneamento na Rua da Póvoa que se descobriu o oco
Publicado in PÚBLICO de 17 de janeiro de 2018, página 14
26. Dois golos e três pontos… no campo e na cabeça (Cristiano Ronaldo)
Publicado in Record capa de 22 de janeiro de 2018
25. Madame de Lafayette troca o empolamento bacoco do que se escrevia até então por uma verosimilhança ao nível da profundidade psicológica
Publicado in Ípsilon de 5 de janeiro de 2018, página 26
24. Corpo e Alma: um filme formalista até dizer chega
Publicado in Ípsilon de 22 de dezembro de 2017, página 30
23. No final do jogo, e com cara de pouco amigos, Sérgio Conceição deu os parabéns ao árbitro
Publicado in Jornal de Notícias de 5 de janeiro de 2018, página 27
22. Kalaf, cheio de swing e de swag
Publicado in Ípsilon de 22 de dezembro de 2017, página 25
21. A Hora Mais Negra: “qualidade inglesa” formulaica
Publicado in Ípsilon de 22 de dezembro de 2017, página 23
20. A cara de Ricardo é um poema. O central do Paços falhou o corte e Aboubakar cabeceou para o golo do triunfo portista na Mata Real
Publicado in Jornal de Notícias de 31 de dezembro de 2017, página 30
19. Alynda Segarra foi sedimentando a reputação de um autora de canções folk preenchidas com palavras poucas domesticadas
Publicado in Ípsilon de 22 de dezembro de 2017, página 3
18. O homem tigre continua a caminhar, continua a mostrar-nos o seu mundo, a levar-nos até ele
Publicado in Ípsilon de 22 de dezembro de 2017, página de 26
17. Songs Of Experience parece toldado pela ansiedade dos U2 de não quererem ser ultrapassados pelo tempo
Publicado in Ípsilon de 22 de dezembro de 2017, página 29
16. Mesmo sendo um Polanski “menor” é uma pequena lição de economia, elegância, inteligência narrativa
Publicado in Ípsilon de 22 de dezembro de 2017, página 30
15. É a obscuridade, o escuro, que nos ilumina: O Monarca das Sombras
Publicado in Ípsilon de 15 de dezembro de 2017, página 26
14. Há um limite para a quantidade de diálogos infantis (quando não são as mesmas tiradas de há 40 anos sobre “a Força” e o “lado negro”) que se consegue suportar
Publicado in Ípsilon de 15 de dezembro de 2017, página 13
13. No caso do filme de Woddy Allen, tratou-se de fazer coincidir personalidades e cores
Publicado in Ípsilon de 15 de dezembro de 2017, página 17
12. Se Roda Gigante parece histriónico ou barroco, isso é deliberado por parte de Allen que compreendeu como esta história não se compadecia com as meias-tintas do realismo
Publicado in Ípsilon de 15 de dezembro de 2017, página 17
11. INÉDITO. António Santos entrevistado pelo Record… antes de desistir
Publicado in Record de 21 de dezembro de 2017, página 17
10. Vera Mantero sublinha a importância da dança política e próxima da realidade estimulada por Rainer; João dos Santos Martins fala nas “ideologias democráticas de como pensar o labor artístico”
Publicado in Ípsilon de 15 de dezembro, pagina 9
9. José Mário Silva: uma belíssima lista de poetas, com escolhas de poemas quase sempre inesperadas, mas também não raras vezes falhadas e, em alguns casos, desconcertantes
Publicado in Ípsilon de 15 de dezembro de 2017, página 28
8. GARRA. Ricardinho saiu de casa cedo para ir atrás do sonho
Publicado in Record de 7 de dezembro de 2017, página 30.
7. Beatriz Brás debita o texto de Dimitriádis enquanto corre em círculos, sem parar
Publicado in PÚBLICO de 6 de dezembro de 2017, página 29.
6. Romeu Costa, Isabel Abreu e Tónan Quito entregam-se a um jogo tão imparável quanto vertiginoso
Publicado in PÚBLICO de 5 de dezembro de 2017, página 30.
5. Agatão agastado
Publicado in Record de 4 de dezembro de 2017, página 15.
4. Amadeu Pereira foi contrabandista e depois guarda-fiscal. «Usei muitos conhecimentos para apanhar criminosos, mas nunca na altura do polvo. Era como ir a casa de alguém e levar-lhe a ceia de Natal.»
Publicado in Notícias Magazine de 3 de dezembro de 2017, página 49.
3. Esta ópera com oito cantores e uma dúzia de músicos é uma obra singular
Publicado in PÚBLICO de 4 de dezembro de 2017, página 28.
2. Marcelo Rebelo de Sousa é o presidente dos afetos e, pelos vistos, a moda está a pegar junto de outros líderes. José Carlos Fonseca, chefe de Estado de Cabo Verde, visitou o bairro da Cova da Moura, na Amadora, acompanhado pelo presidente português, e o beijinho da ordem não faltou. Desta vez a dobrar.
Publicado in Jornal de Notícias de 25 de novembro de 2017, última página.
1. As reclusas do estabelecimento prisional Talavera Bruce, no Rio de Janeiro, participaram num desfile de beleza dentro da prisão de alta segurança. A vencedora foi Mayana Rosa Alves, de 26 anos, que cumpre prisão desde 2015, por assalto à mão armada.
Publicado in Jornal de Notícias de 24 de novembro de 2017, última página.
NOTA DO EDITOR: para justificar a criação desta categoria fazemos nossas as palavras de Alexandre O’Neill:
“O hábito magazinesco de legendar fotografias com frases «poéticas» foi-se perdendo. Hoje, a fotografia fala por si própria e a poesia também… À parte legendas de mera identificação (ou de humor), as imagens fotográficas dispensam o fraseário que era suposto apoiá-las. O jornalismo evoluiu para uma comunicação mais substantiva. A fotografia de imprensa deixou de ser em «beleza» e passou a ser em «verdade». Texto e imagem estão mais integrados. A fotografia perdeu o carácter brilharete ornamental.
Da paisagem passou-se para o corpo. Do nu artístico para o nu erótico. A «bela prosa» gastou toda a sua importância. E assim por diante, nesta verificação de mudanças que vieram afectar o nosso pasto cultural de civilizados…
Desses tempos, o que ainda se salva é a fotografia, que era às vezes de extraordinária qualidade. O enfoque da prosa, esse, mostra quase sempre uma pretensão ridícula de com ela se completar ou aperfeiçoar a fotografia. Já nessa altura (anos 20, 30 e 40) a prosa estava em atraso no contexto geral da comunicação…
Dentro da preocupação de inventariar, que também põe movimento a minha mão de cronista, aqui deixo um lote de legendas de fotografias de magazine que, para serem compreendidas nas suas intenções, «dispensam» perfeitamente as imagens fotográficas de que eram acompanhantes…
Na frescura do Tejo, a frescura dos frutos…
O Castelo domina a imponente paisagem.
Junto do mar, ao sol, as crianças tornam-se mais saudáveis, mais felizes. Os seus sorrisos ficam, assim, espontâneos e fotogénicos.
O Nabão, a écloga ribeirinha.
Onde a Natureza se harmoniza com a Arte: – através da ramaria das árvores, o Convento de Cristo, em Tomar.
Quando os noivos tiram o retrato… Quando os lavradores contam o dinheiro… Quando os feirantes expõem ou avaliam as mercadorias… Quando os vendedores ambulantes apregoam elixires infalíveis… o povo põe a descoberto a sua psicologia, em atitude, expressões e palavras que também traduzem, claramente, a índole, os costumes e a paisagem provincial.
Os negros, ágeis, trepam pelos coqueiros elegantes.
O Bispo de Lourdes fala com o Bispo de Leiria. E ascende no ar o perfume da Graça que desabrochava em duas terras de eleição.
Furadouro: À beleza da paisagem alia-se o interesse da faina e dos costumes dos pescadores. Vida simples e repousante.
O negro trabalha no campo até ao pôr do sol.
Ar livre! Ar livre para as crianças pobres! Sem sol, sem mar, sem campo – é inútil toda a acção de assistência social.
O trabalho de hoje exige uma arquitectura racional e moderna.
O que seria Lisboa sem os seus telhados? O que seriam os telhados, se não houvesse Lisboa para os entender.
Antes na varanda do que dentro de casa. Mas no jardim é preferível.”
Publicado in Já cá não está quem falou, edição de Maria Antónia Oliveira e Fernando Cabral Martins, Assírio & Alvim, abril 2008, páginas 102 e 103.
Ou seja, a nossa preocupação será a de inventariar as legendas que por aí se vão escrevendo, dando relevo à capacidade de síntese dos jornalistas, sua perspicácia, sentido de humor e oportunidade. Para melhor enquadramento do texto, ao contrário de Alexandre O’Neill, nós não dispensamos a fotografia, até por uma questão de autenticidade daquele (segundo Fernando Cabral Martins, as fotografias de O’Neill seriam inexistentes, cfr: página 248 da mesma obra).