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A cena repete-se há mais de trinta anos. Mal os primeiros rebentos se tornaram fartos, comecei a segá-los com uma lâmina. O sacrifício inicia-se logo pela manhã, às vezes meio tonto. Com movimentos verticais, horizontais ou oblíquos, não há rebento que me escape. Se a lâmina está mais afiada ou a pontaria menos acertada, é frequente golpear-me na face. Para limpar os destroços enxaguo o rosto com água fria. Por fim, ergo a cabeça e refletido no espelho surge um Cristo. Mas de cara lavada.

PML

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