Caminhando pela margem do rio (o meu passeio vespertino, o meu descanso)
de repente no alto do céu um som abafado, o galanteio das águias, o impetuoso contacto amoroso no espaço,
as garras fortemente entrelaçadas, uma roda viva, feroz, quatro asas que batem, dois bicos, um compacto e apertado remoinho,
descendo, esvoaçando, girando, caindo a pique,
até por um momento ficarem suspensas, duas em uma, sobre o rio, em sereno, imóvel equilíbrio, separando-se depois, as garras afrouxando,
com lentas e firmas asas retomando o voo, separado e diverso voo,
a fêmea o seu, o macho o seu, prosseguindo.
in Animal Animal, Assírio & Alvim, fevereiro 2005, página 20, tradução de José Agostinho Baptista