Rodrigo Solano (1879-1910)
Num ai de luz profundo e soluçante, / Resvala ao mar o sol, como um guerreiro / Que, ferido d'um gladio traiçoeiro, / Na arena cae, vencido, agonisante.
José Régio (1901-1969)
Mais uma vez, cá vimos / Festejar o teu novo nascimento, / Nós, que, parece, nos desiludimos / Do teu advento!
Aurelino Costa (1956)
Vêm de um canto da sala, / as vozes e eu / vejo-as salubres sombras / nos altares / enquanto um caracol / nas paredes corre
George Swede
no inverno as árvores perenes / destacam-se na floresta, mas / agora é preciso procurá-las - / o mesmo que para a verdade / ao muito que é dito
Alexandra Malheiro (1972)
Tantas vezes que me apetece / matar as palavras ou / ficar quieta num canto à espera / que elas me matem.
Miguel d’Ors
Mal tinha começado, no topo desta folha, / a escrevinhar uns versos quando passa / - com um enorme feixe de milho à cabeça / e estrume nos tamancos - Argimira.
Florbela Espanca (1894-1930)
Bocas rubras de chama a palpitar, / Onde fostes buscar a cor, o tom, / Esse perfume doido a esvoaçar, / Esse perfume capitoso e bom?!
Pedro Seabra (1997)
à noite os candeeiros parecem / vergar. as estradas viscosas, frias / e húmidas a contorcer-se,