Outro dia encontrei o meu espectador.
Na rua poeirenta
segurava nos punhos uma broca mecânica.
Por um segundo
levantou os olhos. Armei num repente o meu teatro
entre as casas. Ele
Olhou cheio de expectativa.
Na taberna
encontrei-o de novo. Estava junto ao balcão.
Coberto de suor, bebia, na mão
um pedaço de pão. Armei num repente o meu teatro. Ele
Olhou admirado.
Hoje
consegui-o de novo. Diante da estação
vi-o, empurrado por coronhas de espingardas
para a guerra entre rufos de tambores.
No meio da turba
armei o meu teatro. Por sobre o ombro
lançou-me um olhar:
fez-me um aceno.
tradução de Paulo Quintela