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Amazona por José de Almada Negreiros

Amazona por José de Almada Negreiros

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Paris 26 de março de 1920

Maria

O perfil quase apagado menos nos olhos que eram todos cheios de vida

Tinha todos os gestos bem feitos

O público gostava de ver

Quando terminava tudo era triste

Já a conheciam

Era toda bem feita

O nome dela era Maria como as outras

Chamavam-lhe a amazona vestida de jockey

A música grande como um regimento a cavalo

Tudo era alegria e grande vontade de viver

O cavalo

A rapariga

O maillot cor de rosa

O cavalo branco do Rei

Não se podia desejar melhor

Às vezes era preciso não haver música por causa de ser difícil

Fazia-me grande curiosidade a vida dela

Como será a vida quotidiana de uma amazona?

Não havia ninguém que não estivesse contente

Uma vez falhou-lhe um pé e toda a gente fez oh! Horror

As senhoras fechavam os olhos quando era o salto mortal

Já se conhecia o cavalo onde ela trabalhava melhor do que nos outros

Havia muita gente que vinha todos os dias

Não há nada que me faça pensar mais longe do que uma menina de maillot cor de rosa em cima de um cavalo branco

Almada

in Poemas, Assírio & Alvim, reimpressão janeiro 2023, página 90

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