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Sete perguntas a José Simões

Sete perguntas a José Simões

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JOSÉ Simões nasceu além do cabo da Boa Esperança, na Beira, em Moçambique. Por estes dias frequenta as paisagens dos arredores de S. Nicolau, no Porto. Gosta de filmar pessoas, de procurar aquela felicidade interior de quem encontrou algo precioso, algo único. É esse lugar (felicidade) das pessoas que, afinal, persegue. Conta-nos que no Roteiro Oficinal do Porto já descobriu o lugar de certos homens. O mesmo será dizer (é o próprio que o confessa), que naquele lugar se encontrou a si próprio. Confirma o que já dizia Daniel Faria: os homens são como lugares mal situados.

Por Paulo Moreira Lopes com fotografia de Joana Machado dos Santos

1 – Data de nascimento e naturalidade (freguesia e concelho)?

29 de Abril de 1975. Beira, Moçambique.

2 – Atual residência (freguesia e concelho)?

São Nicolau, Porto.

3 – Escolas/Universidade que frequentou no distrito do Porto?

Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto.

4 – Habilitações literárias?

Licenciado em Artes Plásticas Escultura pela Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto e Meio Mestre no Master de Desenho Urbano; Arte, Cidade e Sociedade pela Faculdade de Belas Artes da Universidade de Barcelona.

5 – Atividade profissional?

Artista Plástico, Vídeo Artista (dedicando-se ás áreas da vídeo arte, vídeo documental e experimental sobre diferentes aspectos).

6 – Em que medida o local onde viveu ou vive influenciou ou influencia o seu trabalho por referência a fenómenos geográficos (paisagem, rios, montanha, cidade), culturais (linguagem, sotaque, festividades, religião, história) e económicos (meio rural, industrial ou serviços)?

Não me ponho com grandes teorias porque não as tenho.

Faço parte de um local, seja ele qual for, e esse local influencia-me no trabalho que faço. Percorro as ruas da cidade do Porto, estou atento a pequenas coisas, atento às falas das pessoas que passam por mim na rua, sensível a tudo o que me rodeia, por vezes em vez de olhar para o chão olho para cima à procura de coisas que nunca vi, fugindo daquilo que é moda, do que é certo, do que deve ser porque uma maioria diz que sim ou porque fica bem, sou um pouco do contra, como o Sr. Joaquim Bessa, sou do signo Touro.

Muitas destas ideias/projetos que fui realizando e realizo aqui, ali, sozinho em co-autoria tiveram e têm uma relação com o local onde estou no momento em que o faço. Com uma costela critica, humorística e irónica, é natural que o ambiente que me rodeia me influencia no trabalho que realizo, a rotina, o dia-a-dia onde quer que seja. Existem vários locais por onde passei que me influenciaram e que continuam a influenciar-me seja agora ou amanhã, na gaveta ou em cima da mesa; seja a paisagem dos Pirinéus (Valle d’Áran, Catalunha), o caminhar por aquelas montanhas o dia todo, sejam as ruas da cidade do Porto, as suas pessoas, seja o entulho em Benevento (Itália) por baixo de cabos de alta tensão, sejam os meus colegas da escola primária da Costa Nova do Prado que não faço a mínima ideia por onde andam.

Tudo o que me rodeia e o que se passa à minha volta dá-me ideias para algo, mesmo que algumas não sejam concretizadas simplesmente porque não me levarão a lado nenhum ou devido ao tempo que tenho para refletir sobre elas, pois o meu tempo é dividido pelo trabalho que me dá sustento e paga as contas e o trabalho artístico.

Um pouco antes de ser convidado para fazer parte do Roteiro Oficinal do Porto, pela Alice Bernardo e por José Peneda no início do projeto, estava a filmar o Sr. Israel, do Cardoso Cabeleireiro, uma pessoa que já foi entrevistada um monte de vezes, para a TV, para os Jornais, para este ou outro projeto, igual a uns e a outros sobre o comércio tradicional e mais alguma outra coisa qualquer. Não me recordo como começou, mas foi aí, com o Sr. Israel que comecei a olhar de maneira diferente, comecei a querer algo que ainda não sei muito bem o quê, não queria apenas mais um vídeo igual a todos os outros, queria ele próprio, queria o seu retrato, queria saber algo que ninguém sabe. No início filmava apenas o que ele fazia com as mãos, pouco falámos um com o outro, o rádio fazia-nos companhia.
Sr. Israel não tinha tempo para perder, eu estava a perder tempo, no bom sentido, estava à procura de algo que procuro e continuo a procurar nas pessoas que filmo, aquela felicidade interior de quem encontrou algo precioso, algo único. Com o Sr. Israel, agora que falo nele, acho que encontrei o que procurava depois de o ter filmado na sua arte, encontro todos os dias quando passo por ele e nos cumprimentamos. É esse local, o lugar que procuro nas pessoas que filmo, é o retrato fotográfico, é a pessoa, sou eu. Sou sincero e sensível naquilo que faço com as pessoas que me rodeiam.

Com o vídeo “Como comem os Portugueses a… (torrada em pão de forma ), o local foi importante, não me lembro de como surgiu esta ideia, sei que foi algo pertinente ao local onde estou e em conversa com amigos sobre costumes e sobre pequenas coisas, sobre a maneira de como comemos certas gastronomias. Como na Confeitaria do Bolhão serviam muitas torradas em Pão de Forma foi o local perfeito para fazer este trabalho, devido à variedade enorme de pessoas que por ali passam. Não sei se teria tido esta ideia se não estivesse ligado ao local onde vivo, às coisas que acontecem à minha volta, aos amigos que me rodeiam e que vivem na cidade do Porto.

7 – Endereço na web/blogosfera para o podermos seguir?

http://cargocollective.com/josesimoes/news
https://vimeo.com/josesimoes
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