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José Alberto de Oliveira (1945)

José Alberto de Oliveira (1945)

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À LUZ DA CANDEIA

Por mais que o vento
sopre lá fora

o leite e o mel resplendem
nos ângulos da cozinha.

O leite e o mel escorrem
à luz da candeia.

Na sua recompensa
não há sombras nem fim.

O pavio dá luz inteira.

1.
CAMÉLIA ESCOLHIDA

Sei de uma camélia escolhida
e sonhada

em noites perfeitas.

Dela vêm o dom e a ciência
de enxamear o silêncio

com palavras raras.

Aquelas mesmas palavras
que ninguém diz

com medo ou receio
de revelar segredos antigos. 

José Alberto de Oliveira nasceu em Santo Tirso, em 1945. Cursou Teologia. Franciscano poeta e professor. Legente da intimidade musical. Escreve para, muito simplesmente, apurar a cadência do verso que falta ouvir. Muito cedo, aprendeu a dizer de si para si – “a conjura da sensibilidade e do pensamento, por vezes, faz de mim um clandestino que não sabe onde está”. A deiscência acontece quando a alma e seus sentidos ficam disponíveis para a liberdade livre. Emblematicamente: “super foetida flumina”. 

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