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Rosa Alice Branco no Poetry Parnassus

Rosa Alice Branco no Poetry Parnassus

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NA GRÉCIA Antiga a rivalidade entre as cidades-estado era de tal forma fervorosa que decidiram organizar eventos desportivos em honra de Zeus que delineassem quais eram as nações mais poderosas. Numa altura em que os Óscares e Grammys eram uma miragem, os helenistas aproveitavam os Jogos Olímpicos para competir no mundo das artes. No centro da cidade de Olímpia os poetas acompanhavam as vitórias dos seus compatriotas, fazendo os devidos elogios aos vencedores. Dois milénios depois, a poetiza portuguesa Rosa Alice Branco tenta minimizar uma tradição ancestral, “as pessoas ligam muito a estes eventos, mas para mim o importante é a poesia”.

Poetry Parnassus, nos sopés do rio Tamisa, vai revitalizar esta tradição poética, antecedendo os Jogos Olímpicos londrinos de 2012. Com uma massa populacional muito longe das suas fundações gregas, Londres recebe 204 estados independentes, tendo cada país um poeta seleccionado. No caso português a escolha de Jude Kelly – Directora Artística do Southbank Centre – recaiu sobre a portuense Rosa Alice, professora da Escola Superior de Artes e Design de Matosinhos.

Na apresentação da sua nova compilação de poemas “Concerto Ao Vivo”, Rosa conversou com o i sobre o Poetry Parnassus que acaba domingo. “Fui seleccionada por um júri internacional”, explica, e se em Portugal ainda não é nome canónico, em outros países é amplamente reconhecida. “O convite aconteceu porque tenho muitos livros traduzidos para outras línguas e sobretudo pelas minhas poesias estarem espalhadas por revistas dos EUA e França.”

Rosa indica como ponto de partida na poesia os seus 12 anos: “morava em Aveiro e não havia nada para fazer, quando o meu pai me deu um livro, descobri finalmente o Pessoa e os heterónimos”. Depois da poesia surgiu o fascínio pela filosofia, licenciada na Universidade Nova de Lisboa, procurou usar o seu conhecimento filosófico e incuti-lo nos poemas.

No Poetry Parnassus, Rosa Alice Branco vai organizar hoje um workshop de tradução de inglês para português e vai ser filmada a recitar na língua de Camões enquanto escreve à mão uma antologia de todos os participantes. Em 50 línguas diferentes, celebra-se a maior reunião de poetas da história.

Na passada terça-feira um helicóptero bombardeou a capital inglesa com 100 mil poemas. Entre a selecção de poetas estão os prémio Nobel Wole Soyinka (Nigéria) e Seamus Heaney (Irlanda). Jo Shapcott joga em casa pela Grã Bretanha e ainda um especial destaque para Anise Koltz, que aos 84 anos representa Luxemburgo, e para o exilado Jang Jin Seong (Coreia do Norte). No entanto, o espírito de rivalidade artística da Grécia Antiga perdeu-se algures pelo Mar Egeu. “Defendemos a paz e fraternidade”, afirma Rosa, dizendo ainda “conheço 50 dos poetas e de 20 sou muito amiga, vai ser uma festa”.

Por Luís de Freitas Branco in http://www.ionline.pt/

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