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É tão gentil por Dante Alighieri

É tão gentil por Dante Alighieri

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É tão gentil a minha dama quando fala
é tão honesta quando alguém saúda,
que a língua de tão trémula fica muda
e os olhos não se atrevem a fitá-la.

Ela passa entre louvores e ao passar,
humanamente vestindo um humilde véu,
é como se tivesse descido do céu
à terra, para um milagre nos mostrar.

Uma doçura nos invade o coração,
que só quem a sente é que a entende,
tão doce se mostra ela a quem a mira.

Parece que dos seus lábios se desprende
um espírito cheio de paixão,
que às almas dizendo vai: suspira!

in Qual é a minha ou a tua língua?, cem poemas de outras línguas, Assírio & Alvim, novembro 2003, página 26, tradução de Jorge Sousa Braga

*

Parece tão gentil, tão recatada,
minha senhora quando alguém saúda,
que toda a língua treme e fica muda
e olhá-la até seria ideia ousada.

Quando ela passa, ouvindo-se louvada,
benignamente a humildade a escuda,
tal uma cousa que do céu acuda
à terra, por milagre revelada.

Tal graça ao coração de quem na mira
está pelos olhos uma doçura a pôr
que não pode entender quem a não prove;

e dos lábios parece que se move
um espírito suave e só de amor
que vai dizendo à alma assim: Suspira.

Tradução de Vasco Graça Moura

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