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Eucalipto de Ribas

Eucalipto de Ribas

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1.
O destino
é um dia
tocar o céu

2.
Há quem insista
ter visto a lua fazer ninho
na sua fronde

3.
Apenas o milhafre
se atreve a olhá-lo
olhos nos olhos

4.
Ao encostares o ouvido ao tronco
ouves o bater
do coração da Terra

5.
Se mexeres nas raízes
abanas
a Terra inteira

6.
A água da mina
refresca-se na sombra
do eucalipto

7.
Se não o podes abraçar
deixa que a sua sombra
te agasalhe

8.
Mancha tanto a paisagem
que só o nevoeiro
o consegue apagar

9.
O povo da Gandarela
quando o vê ao longe
é como se chegasse a casa

10.
A maior devota
do eucalipto de Ribas
é a Senhora da Graça

11.
O menino que passa sob o eucalipto
tem a idade
do mais pequeno dos ramos

12.
Os meninos da Gandarela
fazem girar as cascas ao vento
até caírem de tonturas

13.
Os cantoneiros da JAE
cuidavam do eucalipto
como se fosse seu filho

14.
As lagartas dos bulldozer
desviaram a A7 para a Gandarela
para vê-lo mais de perto

15.
De pouco adianta à A7
chegar primeiro à Gandarela
quem lhe passa rente é a EN 206

16.
O capricho do eucalipto
é ser podado
por um alpinista

17.
Com os restos da poda
a vizinha acende
o coração da cozinha

18.
No ciclone de 1941
as folhas pareciam foices
a segar o vento

19.
Em quase duzentos anos
ninguém
lhe ouviu um queixume

20.
De tanto viver
já se esqueceu
que um dia há de morrer

*

Estes pequenos tercetos têm como mote o Eucalipto de Ribas, que ajudei a integrar no domínio público rodoviário do Estado.

Está situado ao km 69+490 da EN206, perto da Vila da Gandarela, na freguesia de Ribas, do concelho de Celorico de Basto.

Esta árvore notável, com um dos maiores perímetros do país, foi classificada como de interesse público por Despacho da Direcção-Geral dos Serviços Florestais e Aquícolas, publicado em 17 de novembro de 1953, sob proposta da então JAE de 4 de agosto desse mesmo ano. Naquela data fazia parte da Quinta da Vaca Negra.

De seu nome científico Eucalyptus globulus Labillardière, esta árvore está entre as árvores que se destacam “pela idade e pelo perímetro do tronco e que são considerados das árvores mais grossas de Portugal, dentro das suas espécies” (ICNF).

Trata-se de um exemplar isolado, de pouco fuste mas de porte majestoso. Resistiu ao terrível ciclone de 1941 e estima-se que tenha 170 anos.

Foi podado há um ano por um alpinista.

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