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Paulo Abrunhosa (1958-2001)

Paulo Abrunhosa (1958-2001)

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9.
DIÁSPORA

Por que vive o dióspiro
exilado na diáspora?
Será ele inferior aos seus pares?
Ou serão, apenas, os ares
da terra de onde vem
que não lhe fazem bem?

in Diário de um Dromedário, Editora Ditadora, 2000, pág. 64

8.
PECADO

O pecado
morre ao lado!

in Diário de um Dromedário, Editora Ditadora, 2000, pág. 148

7.
PROPAGANDA

A propaganda
propaga e anda!

in Diário de um Dromedário, Editora Ditadora, 2000, pág. 154

6.
A DOIS PASSOS

Se eu, um dia, me tornasse uma vedeta,
teria sempre um pé perto da sarjeta,
uma forma de me lembrar que o delírio
está a dois passos – com o sucesso – do martírio! 

in Diário de um Dromedário, Editora Ditadora, 2000, pág. 31

5.
O melhor talismã
É a mamã! 

4.
Os computadores
são uns amores,
mas têm uma certa falta d’África.
São todos feitos numa fábrica,
em Silicon Valley,
onde é outra, a lei,
mais fria,
própria de uma etnia
cinzenta,
que aguenta,
no pelo,
o gelo
dos megabites
a debitar bitaites 

3.
ANGÚSTIAS

Cristo:
mas o que vem a ser isto?
Maomé:
então, como é?
Buda:
quando é que isto muda?

2.
Construí o meu ego
como um castelo da Lego:
um edifício
fictício,
feito de múltiplas peças.
só espero não as ter encaixado às avessas 

1.
Não sei fazer do sacrifício
Nenhum ofício, 

Nasceu a 12.05.1958, no Porto. Nesta cidade, faz a primária e parte do secundário no extinto Colégio João de Deus, de onde sai para frequentar o Liceu António Nobre e aí concluir, em 1979, o curso complementar. Depois de cumprir o serviço cívico obrigatório, matricula-se, no ano seguinte, na Universidade de Coimbra. Em 1985 licencia-se em Direito, tendo, de seguida, iniciado o estágio para a advocacia, que não conclui. Avesso a todo o “establishment”, recusa alinhar com as gerações engravatadas do seu tempo. Em 1987 funda, em colaboração com seu irmão Nuno, a revista “Metro”, a primeira de distribuição gratuita em Portugal. Com o número especial dessa revista, publicado no Verão de 1994 e exclusivamente dedicado ao Algarve, vence, nesse mesmo ano, o 1.” Prémio da Imprensa” da Região de Turismo daquela Província. Entretanto, entre a escrita e a noite, é convidado a dinamizar o espaço Café da Praça, promovendo aí iniciativas únicas de carácter lúdico e cultural, mormente entre as novas tendências da música de dança, marcando de forma indelével uma certa boémia da cidade. A morte apanhou-o aos quarenta e três anos de idade, no auge das suas capacidades, não lhe tendo consentido concluir este trabalho, cujos prefácio e epílogo deixou incompletos.

Publicado in Pedro Abrunhosa

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