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Sete perguntas a Zilda Cardoso

Sete perguntas a Zilda Cardoso

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ZILDA Cardoso nasceu em Santo Ildefonso e atualmente vive na Foz, Nevogilde, ambas freguesias do Porto. Licenciou-se em filosofia e entre outras atividades profissionais foi colaboradora permanente de jornais diários como O Primeiro de Janeiro e O Comércio do Porto. Fundou ainda duas galerias de arte com sede no Porto. A educação familiar e o lugar onde viveu a infância foram determinantes na sua forma de pensar e, portanto, no modo de agir e de escrever. O que pode ser conferido através da leitura da sua obra A Rua do Paraíso, cuja 2.ª edição sairá brevemente.

Por Paulo Moreira Lopes

Nasci no Porto, freguesia de Santo Ildefonso e actualmente moro na Foz, Nevogilde, na mesma cidade.

Frequentei a Escola da Lapa, a Escola Mousinho da Silveira, o Instituto Comercial do Porto e a Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Além de ter feito cursos de Inglês no Instituto Britânico e de Genealogia na Universidade Moderna.
Sou licenciada em Filosofia.

Exerci algumas actividades profissionais ou semi-profissionais, diria, como colaboradora permanente de jornais diários como O Primeiro de Janeiro e O Comércio do Porto. Neste jornal, fui responsável por uma página semanal em que tratava de problemas femininos. Convidei para colaborarem nessa página notáveis mulheres – juristas, médicas, professoras universitárias. Lembro-me de ter entrevistado Agustina Bessa-Luís.

Escrevi também para revistas semanais e para um jornal da tarde, creio que se chamava mesmo Jornal da Tarde (não estou segura do nome). Fiz traduções de Inglês para Português para a Livraria Civilização.

Fundei com a pintora Elvira Leite uma Galeria de Arte Naif com grande sucesso. Depois criei uma Galeria de Arte e de Design, destinada divulgar o design português de peças de decoração e de mobiliário que, até certo ponto, cumpriu o seu objectivo.

Recordo que constituí com algumas amigas uma empresa de consignações que teve grande sucesso. Qualquer pessoa que tivesse em casa um objecto de que não gostasse ou de que não necessitasse podia ir colocá-lo no nosso armazém para venda. Recebíamos uma pequena comissão, o valor da peça era dado ao cliente.

O lugar em que vivi a infância influenciou muito a minha forma de pensar e, portanto, a forma de agir e de escrever.
Lendo o meu livro A Rua do Paraíso dá-se conta disso. (Vai sair a 2ªedição proximamente).
O meio em que nasci, era citadino e muito popular, a rua do Paraíso. À Lapa.
Parecia uma comunidade. Nada do que acontecia a qualquer um era indiferente a outro. Dentro da comunidade, as pessoas tagarelavam, discutiam, zangavam-se, envolviam-se em pancadarias dramáticas e arrepiantes… A relação entre eles era intensa, apaixonada e provocadora.
Parecia viverem desligados da sociedade em geral.

Ali, na rua e dentro das casas, havia todo o tipo de espectáculos e de discussões parlamentares. As pessoas sabiam dos problemas umas das outras e, em geral, agiam solidariamente.

Se bem que não vivesse integrada no meio, não estava ali inteiramente distraída ou desligada. Frequentava a Escola e a Igreja da Lapa, a Padaria Flor do Paraíso, a Barbearia, a Farmácia Tello da Fonseca, o Consultório Médico… tudo na vizinhança. E presenciava as actividades culturais de que falo no livro e que eram o Teatro de Fantoches, as palestras dos da Banha da Cobra, os espectáculos do Homem dos Sete Instrumentos, os do Urso Bailarino e os concertos dos Ceguinhos. O Fotógrafo Artista tirava e revelava fotografias na rua perante a minha curiosidade e o meu imenso espanto.

Acrescento que dava importância às festividades locais, ligadas à Escola e à Igreja onde pontificava o Sr. Padre Luís, pessoa excepcional, cuja inteligência e talento musical estão reconhecidos.

Pessoas muito admiradas eram os ladrões de joias, ali ninguém os incomodava, eram conhecidos mas não denunciados. Viviam bem, roubavam noutros lugares e podiam ou não vender naquela rua, os “paraisenses” conheciam por demais as circunstâncias da vida deles. Comprariam mais barato o que fosse e isso lhes dava prazer, sentiam-se privilegiados; e era também conveniente por razões económicas.

Conheci pessoas inesquecíveis pelas suas qualidades ou pelos seus defeitos, pelo seu sentido de humor ou pelo seu sentido de oportunidade.

Devo dizer que era uma miúda curiosa e assinalei e gravei o que me foi possível. E nunca mais esqueci. As circunstâncias que contribuíram decisivamente para a formação do meu carácter e o meu temperamento foram as deste meio, para além da educação familiar e da herança genética muito forte.

Acho que não havia ricos ali, mas como todos trabalhavam num mister ou noutro, todos possuíam o mínimo, não se conhecia o que ambicionar. (Posso estar a dizer uma enormidade, as pessoas eram em geral muito, muito pobres e não sei o que havia como segurança social. Não havia nada.)

Sempre me trataram com carinho e amizade. Estive em contacto com diversas formas de viver, tive ocasião de reflectir sobre elas e de conhecer o valor relativo de seja o que for. Sem me afastar da realidade, aprendi a ver o mundo de forma liberal e condescendente.

Podem seguir-me in http://zildacardoso.blogs.sapo.pt/Facebook

As sete perguntas respondidas em texto corrido:

1 – Data de nascimento e naturalidade (freguesia e concelho)?
2 – Atual residência (freguesia e concelho)?
3 – Escolas/Universidade que frequentou no distrito do Porto?
4 – Habilitações literárias?
5 – Atividade profissional?
6 – Em que medida o local onde viveu ou vive influenciou ou influencia o seu trabalho por referência a fenómenos geográficos (paisagem, rios, montanha, cidade), culturais (linguagem, sotaque, festividades, religião, história) e económicos (meio rural, industrial ou serviços)?
7 – Endereço na web/blogosfera para a podermos seguir?

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