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Alfredo Moreira (1934)

Alfredo Moreira (1934)

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ALFREDO Moreira Ramos nasceu em Aver-o-Mar, Póvoa de Varzim, em 1934. Fez a 4ª classe e foi agricultor até cumprir o serviço militar. Em 1956 rumou ao Brasil onde trabalhou seis anos nas mais variadas profissões: foi padeiro, vendedor de rua, mecânico de bicicletas, empregado de balcão, operário na construção civil e na agricultura e geriu alguns negócios. No regresso a Portugal casou com Ermelinda Bento, mãe do seu casal de filhos. Até se aposentar foi ainda motorista. “O meu pai tinha uma grande casa de lavoura e muitas terras para cultivar. Éramos oito irmãos a arrancar o pão da terra à força de braço e com a ajuda de uma junta bois. As terras adubavam-se com o estrume dos animais e com sargaço e pilado que o meu pai comprava. Depois de vir da tropa fui para o Rio de Janeiro e empreguei-me na fábrica Biju, que fazia doces, rebuçados, marmelada e goiabada. Algum tempo depois comprei um carrinho em forma de triciclo, com pedais e caixa à frente, e fui pelas ruas vender doçarias por minha conta. Mais tarde abri uma oficina de bicicletas mas como nem para comer dava, fui trabalhar para uma padaria. De noite fazia o pão e de dia distribuía pelas casas”.

Como a experiência não estava a dar os frutos desejados Alfredo Ramos regressou à sua terra. “Como os ganhos não compensavam as saudades, regressei. Mas meio ano depois estava novamente no Brasil, desta vez em Portalegre, capital do Rio Grande do Sul. Vivia nos subúrbios, numa terra onde o negócio era mulherismo. Trabalhava numa casa a servir comidas, na rua Voluntários da Pátria, onde estavam concentradas todas as casas de mulheres da vida. O aluguer de quartos era muito rentável, só eram usados o tempo suficiente para aliviar o parceiro. Três meses depois, com dinheiro emprestado, fiz uma sociedade com um parente meu e comprei nessa rua o Restaurante Sul, com sete quartos. Ganhamos muito dinheiro a alugar quartos para os instantes amorosos. Aquela rua era uma procissão de gente, as mulheres a engodar e os homens a subir ao céu. Caiam todos. O sonho de enriquecer durou pouco tempo. Dois meses depois o governo do Rio Grande do Sul fez uma lei que acabou com o negócio. A rua ficou um deserto porque os negócios fecharam todos. Passei uma procuração ao meu sócio e fui para Brasília trabalhar na padaria de um italiano a distribuir pão. As pessoas pagavam o pão ao fim de semana. Calcorreei tantas ruas e casas que me esqueci onde ficavam parte delas. Despedi-me e regressei ao Rio onde tinha três irmãos. Um deles tinha um restaurante e uma quinta a 80 quilómetros do Rio. Comecei como empregado do restaurante e mais tarde fui para a quinta plantar amendoins, colher frutos e criar porcos para venda. Antes de regressar de vez a Portugal ainda trabalhei na construção civil para um primo meu”.

Por José Peixoto. Leia a notícia na íntegra na edição impressa da A VOZ DA PÓVOA

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