J. Paulo Coutinho
Idílio
NO meu sonho, o Palácio de Cristal e os seus minuciosos jardins configuravam uma nação prodigiosa.
Pornografia
Custa a acreditar numa civilização que nega a sua própria arte, encobre a sua natureza e reprova os seus instintos.
O vaticínio
Na Praça da Ribeira uma nesga de luz ainda dança na estranha juventude de Fevereiro, há vozes que cintilam sob a pele oleosa das antigas mercadorias, rostos do passado que recrudescem.
A noite e as suas representações
A experiência diz-me, no entanto, que o melhor noctívago é aquele que, por muito que ande, regressa sempre ao lugar onde a sua própria vida lhe aparece no centro das suas investigações.
A rua de todos os sentidos
Quando cheguei a meio da ponte compreendi “todo o sentido das coisas” e “a solução de todos os enigmas”, de que falava Bernardo Soares no Livro. A julgar pelas elegantes e prateadas grades de ferro, eu devia estar na Rua da Prata.
A pesada noite de Dezembro por Nuno Rocha Morais
Na margem da avenida, uma mulher / Espera que o sinal mude. / Há-de esperar muito, muito tempo, / Por essa espécie de anunciação verde. / Ao colo traz uma criança que dorme.
Tentativa de esgotar um lugar portuense
ESTOU sentado numa esplanada da Praça da Liberdade e recordo...
O pintor da vida moderna
Ali estava a cidade por vir. A cidade irrepresentável e hostil que o artista se obstinava em fazer nascer.
Um dia na vida de João Paulo Coutinho
Foi mais um dia transportando a nossa narrativa.
Texto e fotos de João Paulo Coutinho