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Porto visto por Alice Vieira

Porto visto por Alice Vieira

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A ESCRITORA Alice Vieira, além de Lisboa, terra natal, já viveu permanentemente em Paris e na Ericeira (concelho de Mafra). Gosta muito da vida citadina e de preferência próxima da água. Ao pensar no Porto lembra-se imediatamente do café Majestic e das tripas à moda do Porto. Confessa que continua viciada em postais. Sente muito prazer em escolher, escrever, enviar e receber postais. Quem estiver interessado pode corresponder-se com a escritora no Postcrossing ou contactá-la diretamente no Festival Literário de Penafiel “Escritaria” que irá decorrer em outubro.

Por Paulo Moreira Lopes

1 – Data de nascimento e naturalidade (freguesia e concelho)?

20 de Março, 1943. Lisboa, freguesia de Arroios. Não aqueci o lugar, saí de lá com 15 dias…

2 – Atual residência (freguesia e concelho)?

Lisboa, freguesia de Avenidas Novas (S. Sebastião da Pedreira, antes da fusão das freguesias)

3 – Em que outros locais viveu de modo permanente?

Paris, anos 60; Ericeira, anos 60 e 70.

4 – Habilitações literárias?

Licenciatura em Filologia Germânica.

5 – Atividade profissional?

Jornalista e escritora.

6 – Em que medida o local onde nasceu e viveu ou vive, influenciou ou influencia a sua vida artística?

Sou completamente urbana, e todos os meus livros reflectem isso. Um deles—“A Lua Não Está à Venda”– até se passa no café da esquina, a que eu chamo “a minha segunda casa”. Sempre me habituei a viver perto de água (rio, mar) e sinto-me muito mal quando isso me falta.

7 – Quando pensa na cidade e na região do Porto lembra-se imediatamente de quê?

Do Majestic. E das tripas. 

8 – Como vê o Porto nos dias de hoje?

É uma cidade de que eu gosto muito, mas infelizmente nestes últimos tempos tenho lá ido pouco. Não gostei da remodelação da Praça da Batalha. Mas penso que, apesar de tudo, é uma cidade que tem aguentado bem as “inovações”. 

9 – Endereço na web/blogosfera para a podermos seguir?

Não tenho tempo para blogs…Mas podem sempre seguir-me no Facebook… 

Histórias em postais

10 – Ainda continua com a mania dos postais? Em caso afirmativo como explica essa sua apetência por uma literatura tão sucinta e efémera?

Desde sempre me habituei — e habituei os filhos e os netos, e já habituei muitos amigos…— a escrever postais. Sou de um tempo em que se escreviam cartas e postais, e tenho muita pena que estejam a desaparecer. Num postal pode escrever-se muita coisa e de vez em quando há revelações extraordinárias: pertenço a uma organização chamada “postcrossing” e aqui há dias recebi um postal da China em que o rapaz que o escrevia dizia que tinha lido o meu livro “Os Olhos de Ana Marta” e que o guardava para dar ao filho que estava para nascer…E às vezes estabelecem-se relações continuadas. Claro que requer muito tempo… e dinheiro para selos…Mas vício é assim mesmo.

11 – Sente mais prazer em comprar, escrever e enviar o postal, em saber que foi recebido por outro ou em receber postais de outros?

Penso que o prazer é igual. Demoro muito tempo a escolher o postal mais adequado para cada um e isso dá-me grande prazer (por exemplo, nestes últimos tempos, no “postcrossing”, tenho mandado muitos postais com reproduções de Amadeo Souza-Cardoso e as respostas são extraordinárias!)

Esforço-me por não falhar aniversários, datas importantes para cada um.

Mas também tenho muito prazer em recebê-los. 

12 – Não lhe basta a notoriedade da obra já publicada?

A notoriedade é coisa que não me preocupa. Mas gosto quando, por exemplo, um dos varredores aqui do bairro me diz que me leu quando andava na escola, ou quando o chefe das obras da rua me pergunta o que é que eu ando a escrever…etc 

13 – Tendo em conta a popularidade da correspondência postal, será que podemos falar de uma literatura postal, quem sabe como uma derivação dos contos ou microcontos?

Nunca tinha pensado nisso, mas talvez não fosse má ideia… O Gianni Rodari tem um livro com uma série de histórias muito pequenas chamado “Histórias ao Telefone”— por que não “histórias em postais”?

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