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Rui Alberto cria Mini-Serralves em Jancido (Gondomar)

Rui Alberto cria Mini-Serralves em Jancido (Gondomar)

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É UM museu a céu aberto, mas também galeria, ateliê, oficina/montagem de molduras para obras de arte e local de residência do pintor Rui Alberto, mentor de um projecto localizado em Jancido, Gondomar, a cerca de 15 quilómetros do Porto e a dois passos da barragem de Crestuma/Lever, Foz do Sousa. Existe também uma enorme mancha verde com cerca de 7000 metros quadrados, dezenas de árvores de grande porte – tílias, castanheiros e medronheiros -, esculturas em ferro de Rui Anahory no “Jardim Pomar” e outras em madeira do escultor Paulo Neves no “Jardim Floresta”, peças de design e mobiliário urbano premiadas internacionalmente.

No centro e aproveitando a geografia do terreno existem três módulos/edifícios pintados de branco de autoria do arquitecto Espinheira Rio, cuja volumetria e linguagem arquitectónica foi fortemente influenciada pela paisagem envolvente. No interior observam-se peças de arte contemporânea de autores fundamentais do século XX (Armando Alves, Alberto Carneiro, Jorge Pinheiro, Margarida Reis), mais uma quantidade enorme de obras de colecção escolhidos pelo pintor/residente deste centro artístico onde cabem todas as artes, como a pintura, escultura, cerâmica, tapeçaria.

Entremos pois neste centro arquitectónico, “espécie de Serralves em ponto pequeno”, onde é possível o cruzamento de várias linguagens, estilos, olhares. “Estão aqui algumas obras escolhidas por mim, outras fazem parte da minha colecção particular, como por exemplo, alguns trabalhos efectuados ao longo dos anos por amigos que acompanharam o meu percurso artístico. Esta colecção não tem preço”, diz Rui Alberto, diante de obras assinadas por Aurélio Mesquita, António Nobre, Rui Matos, Suzana Piteira, Victor Ribeiro, Avelino Sá, entre muitos outros.

De volta ao jardim existem mais esculturas, mobiliário de moderno design para observar, mas a paisagem domina o olhar. “Aqui está uma das árvores da minha vida. É um liquidâmber. Quando a comprei trouxe-a numa caixinha e pesava poucas gramas. Era minúscula e a sua plantação obedeceu a regras bem definidas pelos técnicos. Muitos anos depois cresceu imenso, o tronco é volumoso e a folhagem neste tempo outonal é muito bonito. As folhas ficam no chão e dão outra patine ao jardim. É uma das árvores que simboliza o crescimento deste projecto”, resume Rui Alberto, pintor, galerista, animador cultural e agora apostado em transformar este local perdido numa aldeia de Gondomar num centro de artes visuais aberto à curiosidade e à fruição artística, realização de workshops, perfomances, encontros de poesia e literatura, debates e colóquios. “A breve prazo gostava de organizar uma sessão de pintura baseada em temas musicais. Já tenho a colaboração de jovens músicos do Conservatório de Música do Porto. Será o cruzamento da vários olhares colocando em evidência a pintura e a música. Estou curioso em saber como vai resultar”, resume.

“Gostava de colocar este centro no mapa da arte em Portugal. No dia da inauguração, tivemos cá centenas de pessoas, artistas, amigos, gente de várias artes e ofícios. A aldeia foi pequena para acolher tanta gente e tivemos de pedir a colaboração da Câmara de Municipal de Gondomar para colocar placas sinalizadoras e criar uma zona de estacionamento automóvel. Foi uma pequena loucura”, concluiu.

E o futuro? “Gostava de ter mais tempo para pintar e criar as minhas obras. Tenho tudo montado no ateliê para começar a esboçar futuros trabalhos. Já tenho algumas ideias e projectos”. Num pequeno lugar chamado Jancido e onde nada acontece em termos culturais, um pintor (Rui Alberto) teve a ousadia de abrir um centro de arte contemporânea, criar um museu a céu aberto com várias esculturas e atrair olhares de milhares de visitantes. Quem disse que o sonho e a utopia não andam de mãos dadas?

Por Manuel Vitorino publicado in http://mautempocanal.blogspot.com/

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1 COMENTÁRIO

  1. Neste espaço temporal em que o passado faz mossa e do futuro pouco ou nada se sabe, mas que se adivinha, talvez seja o momento de escrever as “realidades positivas” que foram cristalizando, como a deste exemplo que bem conheço de raiz.
    Muito mais do que analisar a culpa, seguir em frente, como o Rui vai fazendo, será, com toda a certeza, uma forma de aligeirar a estrangulação da juventude e dar a volta por cima num mundo, cada vez mais, de candeias às avessas!
    Que a tua teimosia, inovadora, seja mola impulsionadora de outras vontades paradas.
    Obrigado Rui por existires.
    Abraço fraterno

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