JOÃO da Silva Moça nasceu em 1949, na Póvoa de Varzim. Fez a 4ª classe e aos 11 anos foi trabalhar como Tipógrafo. Exceptuando o serviço militar, onde foi maqueiro, e seis anos como marinheiro num rebocador, dedicou a vida às artes gráficas. Do casamento, em 1975, com Maria da Glória nasceram três filhos. “O meu primeiro emprego foi na Tipografia Camões, onde comecei por fazer fardos de papel, distribuir o jornal Dom Calino, feito por Baptista de Lima, e limpar máquinas. Lavava os rolos com petróleo e gasolina e as chapas com petróleo e potassa. Depois comecei a fazer acabamentos. Recebia 7$50 (3.75 cêntimos) por semana. Tudo o que aprendi foi a ver o senhor Albino fazer. Ainda muito jovem já executava tarefas de adultos”. E recorda: “para fazer um livro montávamos as páginas em letras de chumbo. As letras grandes eram em madeira. Essa tarefa durava horas e pesava imenso. Imprimia-se o livro e mandava-se para o revisor sem ser paginado. Depois de aprovado paginava-se e imprimia-se. Cada caderno tem 16 páginas mas quando o livro era mais pequeno fazia-se em duplo, depois cortava-se a meio e dobrava-se na máquina. O livro se tivesse muita tiragem, a coroa do tipo (as letras de chumbo) ia rompendo e as letras no papel começavam a ficar mais grossas. Era como se começasse a letra fina e acabasse a negrito”.
Com vontade de conhecer outras realidades e progredir, João Moça mudou-se para a Tipografia Calafate, aos 16 anos. “As velhas instalações ficavam perto da Escola dos Sininhos. Ainda sonhei ser jogador de futebol. Joguei nos juvenis e nos juniores do Varzim, mas abandonei por falta de tempo para treinar. Em tipografia fui sempre pau para toda a obra. Trabalhava nas máquinas de imprimir ou de coser os livros. Também mudava as lâminas das guilhotinas. Quando apareceu as máquinas de Offset, fazia as chapas para a impressão”.
Por José Peixoto. Leia a notícia na íntegra na edição impressa da A VOZ DA PÓVOA