DOIS mil e vinte e um chegou, e tudo o que desejamos neste novo ano ― e creio que todos concordam ― é o fim da pandemia. E, comparado às incertezas do início do ano anterior, 2021 já traz alguma esperança: afinal de contas, mesmo às pressas (e não poderia ser de outro modo em uma emergência), vacinas começaram a ser produzidas ― e isso, digam o que digam os “do contra”, é indubitavelmente um progresso. Sabemos, no entanto, que o caminho ainda é longo: que os índices de fatalidades no mundo continuam altos; que o comércio interrompeu as atividades em muitos locais para que fossem evitadas (ou amenizadas) novas ondas; e que não devemos abdicar, em hipótese alguma, de máscaras e distanciamentos sociais ― tudo isso, diga-se de passagem, sob a ameaça de uma nova variante do coronavírus. Sim, o caminho ainda é longo; mas uma coisa é certa: sem esperança fica muito mais difícil percorrê-lo.

Eu, confesso, já fui muito pessimista ao longo de minha vida. Mas o tempo traz valiosas lições aos que desejam aprender. E uma dessas lições que aprendi com o tempo foi justamente a de que este não deve ser desperdiçado com negativismos. Façamos, com responsabilidade, o nosso melhor; espalhemos o amor; e tenhamos sempre fé: pois, em algum momento, esses três comportamentos, combinados, hão de gerar um bom fruto. Gosto de acreditar piamente nisso. Tanto que me motivo até com os pequenos sinais que surgem pelo caminho. Como aconteceu nesse primeiro de janeiro.

Eu estava saindo do cinema em Quioto ― após assistir, aliás, a um belíssimo filme, “Mank”, que recomendo a todo colega escritor ―, quando me deparei com uma cena inusitada: a de transeuntes tirando fotos de um “DeLorean”. O motivo da presença do famoso veículo era que a trilogia “De Volta para o Futuro” estava sendo exibida no mesmo local onde assisti a “Mank”. E, como todo fã das aventuras de Doc e Marty, não perdi a oportunidade e tirei uma foto com o “carrão”, ao mesmo em que refletia: “Que legal seria pegar carona nesse DeLorean e, indo até o final de 2021, testemunhar um mundo livre da pandemia. Ou, ainda, retornar ao passado e dar mais um beijo e um abraço em minha mãe, falecida recentemente. Ziguezaguear, enfim, numa viagem pelo tempo para matar saudades e poder ver o que nos espera”. Logo em seguida a essa reflexão, porém, lembrei-me de um dos mais famosos conselhos de Doc a Marty: “Seu futuro ainda não está escrito. O de ninguém está. Seu futuro será o que você quiser; então faça dele algo bom”.

Sigamos, pois, o conselho do amado cientista: já que não podemos usar um DeLorean para mudar o passado ou conhecer o futuro, escrevamos 2021 da melhor forma possível; com esforço, responsabilidade, amor e ― sempre! ― muita esperança.

Um feliz 2021 a todos!

EDWEINE LOUREIRO nasceu em Manaus (Amazonas-Brasil) em 20 de setembro de 1975. É advogado e professor de idiomas, residindo no Japão desde 2001. Premiado em mais de quatrocentos concursos literários no Brasil, na Espanha e em Portugal, é autor de nove livros, sendo o mais recente: “Crônicas de um latino sol nascente” (Telucazu Edições, 2020):
https://kondo.lojaintegrada.com.br/cronicas-de-um-latino-sol-nascente-edweine-loureiro

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