Miguel Gomes (1975)
Por entre as folhas de tília / onde os teus passos molhados saciavam a tarde / havia um vazio musicado,
Adélia Prado
Na minha cidade, nos domingos de tarde, / as pessoas se põem na sombra com faca e laranjas.
Reiner Kunze
Manhã após manhã o seu toque devasta / o meu sono, como se fosse vontade de deus castigar aqueles / que à noite não conseguem adormecer / no mundo dele
Nuno Rocha Morais (1973-2008)
Não me demoro, prometo: / Há, afinal, tantos indícios / De que também o mundo tem pressa,
Maria Marcelina (1921-2005)
Nem sonho / Nem verdade / Ou fantasia / É a Arte que cria / Não cria o sonho / Não é sequer verdade / Mas é sonho / É verdade / E fantasia
Daniel Filipe (1925-1964)
Um amor como este / não pede mar ou praia: / somente o vento leste / erguendo a tua saia.
Sophia de Mello Breyner Andresen (1919-2004)
Com voz nascente a fonte nos convida / A renascermos incessantemente / Na luz do antigo Sol nu e recente / E no sussurro da noite primitiva
José Régio (1901-1969)
Mais uma vez, cá vimos / Festejar o teu novo nascimento, / Nós, que, parece, nos desiludimos / Do teu advento!
Catarina Ferreira (1990)
Nas minhas mãos tenho o maior poder / Escrevo os medos e alegrias sem crer / Que esta minha condenação / Será a minha salvação
António Osório
Porque há um sentido / no lírio, incensar-se; / e no choupo, erguer-se; / e na urze arborescente, / ampliar-se; / e no cobre, a primeira cura, / que dou à vinha, / procriar-se.
Inma Doval (1966)
I / n / v / e / r / n / O corpo só / no desamparo / rubindo polos tellados / baixo os que agora te deitas. // Repousa vagalume no océano.
Alexandre O’Neill (1924-1986)
Não o amor não tem asas / se tem asas são as mãos / que se enlaçam para a festa / maravilhosa do corpo / e entre elas o coração